Friburgo e Casinha promovem encontro para debater e construir uma educação antirracista

aconteceu na Casinha (Blog)

“A ideia de promover esse encontro surgiu por conta de nosso compromisso com a educação integral da criança e do adolescente. Temos trabalhado há algum tempo essas questões com nossa equipe pedagógica. Queremos sensibilizar os participantes para situações que podem passar despercebidas e iniciar um diálogo construtivo com as famílias”,
diz a professora Rosana Alves Moreira, diretora da unidade de educação infantil Casinha Pequenina.

Em qualquer conversa, dificilmente alguém se levantará e dirá: “Eu sou racista!”. Apesar disso – e da grande maioria afirmar o oposto, dizendo ser totalmente contra o racismo –, o fato é que é quase impossível não agir de forma racista, já que poucas coisas estão tão enraizadas na sociedade quanto o racismo. Assim, combatê-lo deixa de ser uma opção e se torna um imperativo, especialmente na educação. Pensando nisso, na noite da segunda, 18 de março, o Colégio Friburgo, a Casinha Pequenina e a Maple Bear Granja Julieta promoveram no Teatro Grande Otelo um encontro formativo para professores e educadores para debater e construir “Uma Proposta para a Educação Antirracista no Ambiente Escolar”.

Mais de 120 participantes, dentre membros da direção, coordenadoras, professores, professoras, auxiliares e assistentes acompanharam a aula da educadora Waldete Tristão, que falou sobre história, apresentou conceitos, explicou leis e sugeriu abordagens a serem utilizadas dentro e fora das salas de aula para valorizar a diversidade, fortalecer a inclusão e promover um ambiente escolar acolhedor, igual e justo.

“Não é suficiente as pessoas dizerem: ‘Eu não sou racista!’, pois o importante é ser antirracista. Pegando a cor da pele como exemplo, as pessoas brancas precisam reconhecer primeiramente que vivemos numa sociedade estruturalmente racista e que ser antirracista implica em ter atitudes que combatam o racismo”, ensina Tristão, que é doutora em Educação pela USP e tem mais de 30 anos de experiência em EMEIs de São Paulo, formando professores e gestores da área. (clique aqui e leia a entrevista completa)

Opressão e aprendizados

O racismo não é apenas real, revela-se como uma opressão. Na história, esteve presente no regime nazista, no apartheid sul-africano e nas lutas enfrentadas pela população negra dos Estados Unidos na primeira metade do século 20. No Brasil, mesmo em condições diferentes e menos explícito e institucionalizado, nesses últimos tempos, diversas notícias têm surgido aqui e ali na imprensa dando conta de estudantes sendo discriminados por causa de sua classe social, origem étnica, religião e gênero.

“O encontro foi muito bom e importante. Conhecer a história é necessário para compreender o momento atual e para que possamos nos posicionar, garantindo direitos iguais a todos os estudantes”, diz Fabiana Maitan de Carvalho Pellin, professora de inglês da Jornada Cambridge para turmas do Fundamental I e II.

Pellin fala com experiência de causa. Na infância, chegou a ser preterida na formação de grupos para a realização de trabalhos escolares por conta da cor da pele, ouvindo insultos como: “A neguinha não!”. Mais tarde, vez ou outra, era parada na rua e questionada se era a babá da própria filha. E, no aeroporto, foi barrada para que os agentes procurassem drogas em seu cabelo.

Engana-se quem pensa que esse tipo de situação é passado. Que o diga a auxiliar do Fundamental Erika Pereira da Silva. Há poucos dias, ela foi a uma loja comprar material escolar com o filho, quando percebeu que estavam sendo seguidos por um segurança. O menino foi ao banheiro e ela ficou aguardando, quando foi abordada. Ele perguntou a ela o que fazia ali e disse que não poderia ficar por lá.

“Eu sabia que era um banheiro masculino, mas estava esperando meu filho. O problema é que eu fui a única cliente a passar por tal constrangimento. Em razão de situações como essa, o encontro que o Friburgo promoveu foi mais especial ainda. Percebi que devemos antecipar ações contra o racismo e abordar o tema constantemente”, conta.

Com criatividade e de modo natural, é possível explorar certas situações e transformá-las em grandes aprendizados. Foi isso que fez certa vez a assistente da Casinha Pequenina Tamires Soares do Nascimento: “Eu passei o dia todo na turma de uma certa criança. A criança era nova na escola e, em certo momento, encarou-me, passou a mão na minha testa e me perguntou: ‘Você se queimou no sol?’. Fiquei surpresa, mas logo respondi que aquela era minha cor e que era assim desde que nasci. Conversei com a professora, organizamos uma roda e estendemos os braços, mostrando a cor de pele de cada aluno e até de outras professoras e auxiliares. As crianças ficaram maravilhadas ao descobrir que, numa única sala de aula, havia pessoas tão diferentes, mas que eram, igualmente, especiais”.

CAFÉ, BOLO E CONVERSA COM OS PAIS

Nessa construção, o passo seguinte será dado já na próxima segunda, dia 25 de março, das 19 às 20 horas, com a realização de um novo encontro com o tema “Uma Proposta para a Educação Antirracista”. Dessa vez, a atividade acontecerá de forma remota, por meio da plataforma Zoom, e será voltada para pais, responsáveis e familiares. Mais uma vez com apresentação da professora Waldete Tristão.

Os convites já foram enviados por e-mail com o ID da reunião e senha de acesso. Para entrar, basta apontar a câmera do celular para o QR Code disponibilizado no convite. Caso tenha dúvidas ou não tenha recebido o convite, o interessado deve entrar em contato pelo telefone (11) 5541-3131 ou pelo e-mail contato@colegiofriburgo.com.br.

“A parceria entre escola e família é fundamental, pois os valores e crenças familiares têm um grande impacto na formação das crianças e adolescentes. Oferecemos oportunidades para compartilhar recursos, estratégias e melhores práticas com o propósito de construir uma educação mais inclusiva e equitativa”, finaliza Moreira.

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